10 dezembro, 2008

Segredos de um ex-concurseiro. (Parte 2)

Língua estrangeira é desafio para oficial de chancelaria.
O ex-concurseiro Thiago Ferreira revela os segredos que o ingressou na carreira diplomática.


"O Ministério das Relações Exteriores (MRE) lançou edital para o cargo de oficial de chancelaria, cujas provas serão realizadas em fevereiro do ano que vem. Aparentemente são apenas três meses de preparação, mas eu posso dizer, por experiência própria, que é tempo suficiente.

O Edital deste ano apresenta duas diferenças básicas em relação ao de 2006, quando prestei o concurso: por incrível que pareça, não vão cobrar direito constitucional; além disso, noções de contabilidade serão exigidas do candidato. Apesar das mudanças, o conteúdo continua pouco extenso e as matérias de português e inglês continuam sendo as mais importantes para a aprovação. Aliás, a exigência de uma redação em inglês é o grande diferencial que espanta muitos concurseiros bem preparados.

Soube da existência deste concurso de 2006, apenas um mês e meio antes da aplicação das provas. Acreditando que minha graduação em comunicação social me garantiria na prova de português, aproveitei o pouco de tempo que tinha para aprender o máximo possível de direito administrativo e constitucional, por meio de apostilas que 'baixei' na internet, e sobre as quais me debruçava por uma média de 8 horas diárias (dicas: é importante se concentrar nas leis específicas pedidas no edital, como o estatuto do servidor, a lei de licitações e sobre processo administrativo).

Além disso, tratei de melhorar minha redação em inglês (que até hoje não passa do nível intermediário) escrevendo um texto por dia, e encaminhando-os para a correção de uma professora amiga (outra dica: para ganhar vocabulário específico do universo das relações exteriores, eu lia os artigos em inglês disponíveis na seção de imprensa do site www.mre.gov.br).

Observando o gabarito, percebi que tinha ido muito bem em direito, mas notei também que tinha vacilado em algumas questões de português e informática (matéria completamente imprevisível, pois não dá nem para saber o que estudar - o ideal é se familiarizar com o assunto no seu cotidiano).

Semanas depois, veio o resultado: chamaram 107 pessoas e eu era o 108º. Cada detalhe da prova passava pela minha cabeça. Eu ficava imaginando onde havia perdido os 0,24 que faltaram para a minha aprovação. O pior de tudo era a expectativa de que, com a desistência de algum aprovado ou a posterior abertura de um novo concurso de formação, surgisse uma vaga.

A angústia durou meses. Como a validade do concurso era de apenas seis meses, as esperanças iam se esvaindo. Quando eu nem pensava mais no Itamaraty, recebi um telefonema de Brasília com a notícia de que uma nova turma seria montada para um curso de formação. Com voz indiferente, fazendo-me de difícil, disse que poderia ir sim. Tratei logo de comprar um terno. Três dias depois da ligação, eu estava no Distrito Federal para conhecer o trabalho de oficial de chancelaria, função que exerço há quase um ano.

O próximo concurso abrirá mais vagas do que o anterior e terá validade de dois anos. Outro ponto interessante é o fato de que as provas serão aplicadas em sete capitais. Ou seja, esta é uma bela oportunidade para quem pretende conquistar um cargo público federal e um emprego que propicia a experiência de trabalhar e morar no exterior."

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Thiago Ferreira colaborou espontaneamente com o Caderno Concursos.

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concursos@grupoatarde.com.br

FONTE: Jornal A TARDE, Caderno Concursos, 25/11/2008, p. 12.

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